(Photo by Anthony Legrand on Unsplash)
Espreitei, a medo, pela porta e
vi que ali morava a felicidade. Tinha todas as cores do mundo e dançava ao som
do vento. Tentei entrar, de fininho, mas sem sucesso! Sentia que algo me
amarrava, me segurava com a convicção de que eu não podia estar perto, bem
perto, da felicidade!
Quando dei por mim, debatia-me
contra forças que nem eu sabia identificar. Tamanha audácia de quem não me
deixava estar pertinho da felicidade e com ela bailar! E a felicidade, do outro
lado, parada, bloqueada, parecia-me cada vez mais longínqua. Estava à espera
que eu lhe estendesse a mão. Bem tentava, mas a força do meu querer não
chegava. Era como se me aguilhoasse o coração e, com a dor, recuava. Os
segundos em que me debatia, tornaram-se horas, dias, meses, anos! E cada vez ficava
com menos forças.
Até que a felicidade olhou para
mim, diretamente para mim e falou-me ao coração: olha para Ti meu bem, ouve o
teu coração, não lutes mais e deixa-te vir até mim! Mas vem devagarinho, como
se o tempo abrandasse e fosse só nosso.
Fechei os olhos e aventurei-me. Deixei-me
levar pela franqueza daquele olhar singelo e cheio de luz. Perdi-me naquele
olhar! Transmitia-me coragem, ânimo, ambição, confiança. As cores da felicidade
envolviam o meu corpo, calmamente. Sentia arrepios de bem-estar!
Afinal era eu que criava as
amarras do meu coração. Era eu que, por medo, não queria ir ter com a
felicidade. E ela ali, tão perto!
Havia sofrido outrora! De tal
maneira que ser feliz me parecia impossível. A dor e a desilusão haviam sido
dilacerantes. Negava, em absoluto, qualquer possibilidade de ir ter com a felicidade,
por mais perto que ela estivesse.
Mas com audácia e bravura, abri
caminho. Enlacei a felicidade como quem abraça a vida. Com os olhos de um
primeiro amor, sem negações e sem receios, mas com a aspiração de ser feliz, de
que mereço ser feliz.
Inspirei-me e fui feliz…mais uma
vez feliz!
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